Na Venezuela, o assunto do momento é quase sempre o mesmo: gasolina. E agora mais do que nunca. Após o debate proposto pelo presidente Maduro sobre um possível aumento no preço da gasolina subsidiada pelo governo (aumento que não ocorre desde 1996), o país se dividiu numa discussão sobre o combustível.
Em meio ao embate, eis 11 fatos que você provavelmente desconhecia sobre a situação do hidrocarboneto mais importante do mundo moderno no país de Nicolás Maduro.
1. Encher o tanque custa menos que um doce

De acordo com a BBC Mundo, um pacote de balas está custando 12,00 bolívares nos quiosques venezuelanos. Isso significa que, com o valor de um pacote de balas daria pra encher 3 vezes e ainda sobraria um troco.
2. Você poderia dar a volta ao mundo com menos de 100 dólares
No país existem três cotações para a moeda: 6,30 bolívares, 10 bolívares ou 50 bolívares. Assim, para encher o tanque, o valor pode ser US$ 0,50, US$ 0,35 ou US$ 0,07, dependendo da cotação.

Convertendo os valores para Reais na cotação atual (25/08/2014), temos R$ 136,81 na cotação mais alta e R$ 19,15 na menos valorizada. Lembrando que isso é combustível para percorrer a circunferência do planeta, ou cerca de 20 vezes a distância entre São Paulo e Salvador por terra. Com esse combustível também seria possível ir da Cidade do Cabo (África do Sul) até o estreito de Gilbratar (território localizado ao Sul da Espanha) por terra 3 vezes, numa viagem de ida-volta-ida.
3. Os trabalhadores dos postos de gasolina ganham mais em gorjeta que a PDVSA ganha com a gasolina
Uma prática comum no país é pagar o combustível com notas de 5 ou 10 bolívares e deixar o troco como gorjeta ao frentista.
Fontes anônimas revelaram à BBC que um frentista recebe em torno de 800 bolívares por dia.
“Se existem 4 frentistas por bomba, como geralmente é, no total eles recebem 3 mil e 200 bolívares ao dia”, afirmou à BBC o dono de um posto.
“Agora, compare isso com o retorno da bomba: em geral uma bomba vende 25 mil litros de gasolina por dia e recebe 2 mil e 800 bolívares”, diz. “E estes são números conservadores.”
4. O subsídio gera perdas para o Estado
Cada litro custa 2,70 bolívares à Petróleos de Venezuela (PDVSA), de acordo com a própria empresa.

O próprio ministro da Economia já afirmou que “o Estado paga aos venezuelanos” para consumirem combustível.
O prejuízo pode ser ainda maior quando se leva em conta que cada litro vendido no mercado interno do país é um litro a menos a ser vendido no mercado externo, onde o preço é 10.000% maior, afirma a especialista em energia Bárbara Lira.
5. Uma parte da gasolina venezuelana ainda é importada
A PDVSA já precisou importar o combustível em ocasiões extremas para garantir o abastecimento interno, como no acidente na plataforma de Amuay em 2012.
Apesar disso, vários dos componentes necessários para a produção do combustível não são produzidos no país e precisam ser importados. “A gasolina é como uma sopa, que necessita de vários ingredientes e mesmo que a sopa que consumimos na Venezuela não seja importada, vários de seus ingredientes ainda são”, afirmou à BBC Antero Alvarado, outro especialista na área petroquímica.
“Às vezes também importamos diesel para as plataformas porque temos comprometimento em acordos bilaterais ou porque alguma manutenção a uma refinaria de diesel está prevista”, acrescenta.
6. O contrabando de gasolina é mais rentável que o narcotráfico colombiano

A PDVSA estima que 100 mil barris (5% da produção) são contrabandeados por dia para a Colômbia, gerando uma perda de 1,4 bilhões de dólares.
7. Algumas regiões sofrem com escassez no país

As filas nos postos podem atingir quilômetros nessas regiões.
Muitas vezes, a única forma de conseguir o combustível é contatando a Guarda Nacional Bolivariana, que está dirigindo as estações.
8. A produção está diminuindo
Desde 2004, a produção de petróleo já reduziu em 250.000 barris por dia, mostram os dados da PDVSA.
De 3,148 milhões barris por dia (mbpd), a produção caiu para cerca de 2,90 mbpd.
A PDVSA até hoje nunca cumpriu as metas de produção prometidas. Em fevereiro de 2013 a produção ficou em 600 mil barris diários, abaixo da meta de 3,5mbpd.
A promessa em 2005 era de que a 5,8 mbpd fossem alcançados em 2012, mas na realidade, apenas a metade disso é produzido.
9. A Venezuela tem petróleo para os próximos 282 anos
O país concentra cerca de 20% do petróleo mundial, alcançando as maiores reservas mundiais.
Se a produção continuar no ritmo atual, as reservas só se esgotarão dentro 282 anos, afirma a PDVSA.
Apesar disso, o governo promete aumentar a produção com investimento chinês.
10. Nos últimos 15 anos, a Venezuela lucrou mais com petróleo que nos 85 anos anteriores
Quando Hugo Chávez assumiu o poder, em 1999, o barril estava cotado em US$ 8. Porém, a partir de 2006 o preço se mantém acima dos US$ 70 e está se estabilizando em torno US$100.

De 1917 até 1958, o preço do petróleo se manteve em menos de US$ 2.
“Em termos nominais, e com estimativas conservadoras, com certeza recebemos mais nos últimos 15 anos do que recebíamos antes”, afirma Lira.
11. A gasolina venezuelana é altamente tóxica

Só nos últimos 10 anos que o país eliminou da composição de sua gasolina o aditivo tóxico chumbo – foi um dos últimos países no mundo. Porém, o chumbo foi substituído pelo MTBE, que se acumula na atmosfera e infecta a água e os alimentos.
“Os Estados Unidos e a Europa também o usaram quando substituíram o chumbo nos anos 70, porém 5 anos depois também o eliminaram (e substituíram com etanol) após estudos comprovarem a sua toxicidade”, afirmou Julio César Centeno, professor de ciências ambientais da Universidad de los Andes.
O diesel produzido no país também é tóxico, pois apresenta um alto teor de enxofre, explica Antero.
A Venezuela ainda é o país Latino onde mais se consome gasolina e também está entre os maiores emissores de dióxido de carbono (CO2) do mundo.
Fonte: https://spotniks.com/11-fatos-que-voce-desconhecia-sobre-gasolina-na-venezuela/
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